sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Des-Continuidade Gratuita]

Postado originalmente em 11 de janeiro de 2008


É assim. Sou de lua, sou de Marte, sou de Vênus. Sim, de Vênus. Muito mais de Vênus. Ao menos nesta minha lua cheia, sou Vênus de corpo e alma. Até a lua minguar.
O que eu começar hoje continuo na próxima cheia. Ou não.
Não há uma lógica predefinidamente logarítmica (não que eu saiba o que são logaritmos) nas fases de luas interiores. Não há lógica de tipo algum em qualquer assunto interior. Por que haveria de haver (sim, um pseudopleonasmo-aliterado propositadamente fora de lógica)? As não-lógicas interiores são tão dissolutabsolutamente mais saborosas de se ler...
E há algum tipo de lógica qualquer que não aquela infligida aos terríveis e assustadores algarismos?

Não Importa!

Direi em voz alta: Tudo isso não importa!
Gritarei com a força de meu tísico pulmão,
Ainda que me custe todo o sopro do coração,
Pois não passo, viva, de matéria morta.

Ah, quanta vã hipocrisia!
Quanto valor ao sem importância!
Já que o homem, no alto de sua ganância,
Torna-se incapaz de apreciar a poesia.

Seduzido por uma serpente ofídica,
Impinge-se na pele mil beijos frígidos.
E engana-se se pensa, na loucura hipocondríaca,
Que a vida encontra-se em estúpidos números rígidos.


Sim, é minha. Sim, é antiga. Sim, é futilmente poética. Mas há quem diga que há algo de fútil em toda arte. Não que isso seja arte. E não que não seja.
Sem motivo nem lógica nem tampouco necessidade de explicação. Sem vígulas nem pausas ou momentos de pensar. Não há nada que possa fazer para impedir que tudo flua como as imagens que fluem em palavras soltas de sabores ao vento cantando "Venham, eu estou aqui!".
Não há lógica alguma em tudo isso, e talvez a ausência de lógica seja no fundo sua maior lógica.
Quanta filosofia barata...
Mas por que haveria eu de me conter quando o que mais quero é por-me a escrever as mais loucas e absurdamente transloucadas, tresloucadas e deslocadas palavras?
Há aquela vontade-quase-que-necessidade de escrever o que me vem, seja lá por onde venha, de onde venha nem por que venha. Não quero saber. Vocês querem?
Deleitem-se em minhas palavras como eu me deleito enquanto as escrevo. Se assim for, terei cumprido minha missão. Se não for, ao menos terei cumprido meu desejo.
Enquanto a lua interior começa a mudar, posso sentir Vênus ser tomada por Marte, numa dança erótica do macho-fêmea dentro de mim, explodindo e eclodindo e transgredindo qualquer forma de sexo assexual.
E assim sou agressiva, possessiva, indomável.
Há algo de fera em toda criatura.
Mas já me bastam os desvairios!

pela lua, Marte e Vênus 

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