sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Interrupção da História]

Postado originalmente em 8 de fevereiro de 2007


A parte IV virá assim que eu tiver meios mais fáceis de escrever a minhas hitória do que pagar 3 reais por hora na LAN (sem contar que não funciono sob pressão).
Sem tornar isso um diário pessoal (seja lá de quantas pessoas isso for), me mudei para São Paulo. O que significa que agora terei vários desvairios para escrever, se tiver papel e caneta por perto no metrô.
Como aconteceu outro dia (apesar de não ter papel e caneta em mãos, fiz anotações mentais para poder escrever mais tarde).

Meio-dia, para arredondar o horário. A verdade é que não era interessante saber a hora. Debaixo da terra tudo é sempre igual a qualquer hora do dia. O que mudam são as pessoas. São sempre as pessoas.
E era uma pessoa, na consensuada imagem que se pode ter de uma pessoa. Começou como uma voz, uma voz estranhamente alta no silêncio dos estranhos no trem. Falava coisas... coisas sobre inveja, poder, dinheiro... Uma voz que atraiu a atenção de muitos ao redor, que por hipocrisia fingiam não olhar para ela. Hipocrisia ou medo de ser objeto de foco da voz. Da pessoa.
Trem acelerado ao máximo. A voz silenciou-se, embora a pessoa continuasse a declamar.
Trem parado na estação. O que dizia agora podia ser audível. "Não devemos ter inveja do dinheiro que alguém tem porque não sabemos de onde veio aquele dinheiro." Falava para todos, encarava a todos um a um. Lembrava um ator das multidões. E era com a emoção de um ator que ela falava, com as mãos fechadas sobre o coração, que "se invejamos o dinheiro de alguém que ganhou esse dinheiro de forma errada, invejamos também a forma errada que a pessoa usou".
Ninguém ousava cruzar seu olhar com o dela. Ninguém... a não ser um menino. Em verdade, não poderia ser chamado de menino. Um moço, um jovem, o menino. De qualquer forma, este olhava para a mulher. Sem medo, sem vergonha. Mas com um sorriso enigmático nos lábios. Por que estaria sorrindo? Por sarcasmo, por crueldade? Ou talvez estivesse o menino tendo as mesmas espécies de desvairios que uma outra pessoa estava tendo, do lado exatamente oposto ao dele?
Quem sabe...
Quem sabe não esteja por aí circulando outro desvairio sobre esta mesma mulher.
Estação Praça da Árvore. Adeus, desvairio!

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