sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Uma Breve História do Tempo - parte IV]

Postado originalmente em 18 de fevereiro de 2007

O ser humano passara a dominar o mundo. Parecia ter começado a existir apenas para este fim.
Apesar disso, porém, as criaturas misteriosas e celestiais começaram a perceber que o ser humano não parecia ser - em sua maioria - muito inteligente. Ao menos não tão inteligente quanto pensava ser. A propósito, jamais as criaturas misteriosas e celestiais pensaram que poderiam existir seres tão pretensiosos quanto o ser humano.
Tamanha pretensão eles tinham que pensavam poder dominar-se uns aos outros. Pensavam que podiam dividir grupos de seres humanos "bons" e "ruins". Suas conquistas - que embasbacavam até mesmo as criaturas misteriosas e celestiais - haviam-lhes subido à cabeça, e pensavam ser donos de tudo. Apesar de saberem da existência de Deus - e propagarem isso aos quatro cantos, usando até mesmo como forma de conquista sobre os outros -, pensavam ser eles os proprietários do Universo.
Entretanto, na visão das criaturas misteriosas e celestiais, a maior pretensão dos seres humanos era outra. Ao perceberem isso, as criaturas misteriosas e celestiais riram-se da ingenuidade daqueles seres tão pequeninos. Pensavam eles ser capazes de saber o que se passava pela mente de Deus. Pensavam saber o que Deus queria ou deixava de querer. E, pior ainda, pensavam-se tão importantes a ponto de pensar que algumas atitudes eram condenadas por Deus, e que isso provocaria Sua ira.
Com essa pretensão, eles eram capazes de se escravizar em nome de uma pretendida "vontade de Deus". Ainda mais, eram capazes de fazer com que outros seres humanos se rendessem a essa "vontade".
As criaturas misteriosas e celestiais começaram a se preocupar. Não que tivessem algo a ver com a vida daqueles seres, mas haviam passado a gostar deles. Assim como as próprias criaturas misteriosas e celestiais, os seres humanos tinham sentimentos. Isso, de certa forma, os ligava. Não pensavam ser certo permitir que aquela dominação insensata continuasse. Olharam mais uma vez para Deus. A resposta que tiveram as surpreendeu, pois pela primeira vez tiveram uma resposta.
Deus disse que não faria nada. Disse que havia feito o suficiente, e que qualquer outra coisa estava além de seu direito. Disse que não interferiria no rumo daqueles seres, que eram tão misteriosos quanto as criaturas celestiais. Disse que eles ainda era muito jovens e precisariam viver tanto quanto as criaturas misteriosas e celestiais haviam vivido para começar a perceber sua pequenez.
Diante desta resposta, as criaturas misteriosas e celestiais entraram em conflito. Algumas queriam reagir, provar a Deus que Ele estava errado. Outras defendiam Deus, dizendo que Ele jamais erraria com sua própria criação. Tudo virou uma algazarra, onde todos gritavam ao mesmo tempo e tentavam fazer valer sua opinião. Apenas Deus mantinha-se calado. Observava a tudo sem demonstrar nenhum tipo de contrariedade.
Nesse momento, uma grande explosão sobressaiu-se às vozes iradas. A pequena bolinha azul, lar dos misteriosos seres humanos, havia perdido a cor. Apenas um triste tom de cinza cobria toda sua superfície. E tudo era silêncio. Aquele planetinha, antes tão cheio de sons, silenciara-se.
Igualmente silenciosas encontravam-se as criaturas misteriosas e celestiais. Em silêncio entreolharam-se. Em silêncio encararam Deus. Em silêncio, Ele abaixou a cabeça.
E, ainda em silêncio, viraram-se e seguiram pelo Universo.

Por Tatiana

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