sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Sobre como me tornei quem somos]

Postado originalmente em 22 de outubro de 2006

Aconteceu como se fosse um acidente. Dispararam todos ao mesmo tempo em corrida desabalada. Correram todos como se estivessem prestes a tirar o pai da forca. Alvoroçados, todos, desesperados de verdade. Alguns, tomados pela preguiça, se perderam logo no início. Outros, vencidos pelo cansaço, foram deixados pelo caminho. Mas um deles continuou a estrada. Era o mais forte, o mais bonito, o mais decidido. Continuou correndo, mesmo sentindo seu corpo pedir arrego. Chegou a pensar em desistir, mas sabia que não poderia. Era o último. Precisava chegar ao fim. Devia isso aos outros que ficavam para trás.
E então, quando era quase dominado pelo cansaço, sentiu uma luz brilhando. Não era exatamente uma luz, mas parecia. Era a indicação do caminho. Seguiu a luzinha, que cada vez mais ia se tornando forte, robusta, sedutora. Era irresistível. Esqueceu o cansaço, as dores, tudo. Teve uma vontade maior do que tudo o que já sentira de alcançar aquela luz. Precisava tocá-la! Sentia que tudo seria diferente assim que conseguisse encostar naquela luz.
Foi quando a viu. Viu de onde era irradiada toda aquela luz. E como era bela! Era... era... indescritível! Todos os seus sentidos apontavam unicamente para aquela direção. Chegou perto, cada vez mais perto. Agora que estava assim, tão próximo, tocá-la parecia sacrilégio. Afinal, era quase divina! Mas uma voz, uma voz vinda de algum lugar tão misterioso quanto o que se seguiria, dizia-lhe para tocá-la. E ele fez.
E foi assim que, passados nove meses, eu tive meu primeiro desvairio: vi o mundo.

Por Tatiana 

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