sexta-feira, 7 de maio de 2010

[A propósito...]

Postado originalmente em 18 de agosto de 2007


Vamos lá, comecem logo a correr antes que eles nos achem.
Porque uma hora eles vão nos achar.

Foi meio como uma vontade vinda do nada que ela começou a pensar sobre o assunto. Ainda que não soubesse muito bem sobre qual assunto ela estava pensando. Idéias vindas do mesmo lugar que sua vontade (para aqueles que necessitem de explicações, por mais inúteis que elas sejam, ambas vieram do nada) começaram a pulular ululantemente em sua cabeça. Começavam até mesmo a causar uma dor de cabeça imensuravelmente imensurável.
O que deveria fazer? O que seriam aquelas idéias? Quem diabos disse que os gatos deveriam miar?
Parou por um instante - não que estivesse fazendo algo antes - e deixou as idéias fluirem. Ficava claro, cada vez mais claro que ela não fazia a menor idéia do que seriam aquelas idéias. Uma pequena e estranha ideiazinha, diferente daquelas que pululavam ululantemente, começou a surgir em algum canto inexplorado e até então nunca utilizado de sua cabeça. Era uma idéia que parecia tão diferente de qualquer outra idéia que já tivesse sequer pensado em passar por qualquer canto de sua cabeça que a deixou assustada. Até que ela começou a entender, ainda que custasse a acreditar. Era uma idéia dela mesma.
A princípio ela não soube exatamente como reagir. Deveria cumprimentar aquela pequena, estranha e própria ideiazinha e oferecer-lhe um pedaço de bolo de chocolate? A pequena, estranha e própria ideiazinha não parecia interessada em bolos de chocolate. Deixou que ela fosse chegando, daquele jeitinho de quem não quer nada.
Por um tempo ela ficou tão preocupada com aquela pequena, estranha e própria ideiazinha que se esqueceu das outras idéias que pululavam ululantemente em sua cabeça. Talvez tenha sido este gesto de falta de educação que tenha feito com que as idéias que pululavam ululantemente em sua cabeça ficassem com ciúme da pequena, estranha e própria ideiazinha. As idéias que pululavam ululantemente violentamente atacaram a pequena, estranha e própria ideiazinha.
Ela não sabia o que fazer. Ficou ali, parada, com cara de quem não está pensando em nada, enquanto via as idéias que pululavam ululantemente em sua cabeça atacarem sua pequena, estranha, própria e indefesa ideiazinha. Ela poderia ajudar a pequena, estranha, própria e indefesa ideiazinha, mas pensava seriamente se deveria. Havia algo de estranho, diria até de perigoso no modo como aquela ideiazinha se comportava.
Resolveu então deixar que as idéias que pululavam ululantemente em sua cabeça destruíssem a pequena, estranha, própria e indefesa ideiazinha. Assim era mais seguro.
Depois disso seu cérebro saiu pra jogar peteca, mas se perdeu no meio do caminho e morreu atolado em um pântano de colchões falantes. 

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