sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Será que dragões são mesmo moinhos de vento?]

Postado originalmente em 26 de outubro de 2007


É nesses momentos em que nada de útil sai da minha cabeça que eu deveria aproveitar para escrever alguma coisa útil. Mas, leiam bem... nada de útil sai da minha cabeça...
Talvez agora fosse um momento ideal para criar uma história com um personagem que entrasse para a História e fizesse com que todas as pessoas soubessem de sua existência, mesmo aqueles que nunca tivessem lido. Será que foi num desses momentos em que Miguel de Cervantes sentou-se diante de uma escrivaninha, com um bloco de folhas, uma pena e um tinteiro, e pôs-se a escrever sobre um cavaleiro andante que sai caçando dragões que - dizem os incapazes - na verdade são apenas moinhos de vento?
E seria um momento ideal para escrever. Ah, sim, seria. Porque sinto agora fluindo através de meus dedos um poética que há muito tempo não sentia fluir por nada. Nem mesmo passando ao longe por minha cabeça...
E o que fazer com a poética? Jogar fora, desperdiçar todo este lirismo que vem em ondas quebrando na beira do mar das minhas idéias vazias? Não, isso não... Não seria justo nem ao menos pertinente julgar-me capaz de desperdiçar tão singelo momento.
E as idéias...
São as idéias que não vêm. Ou será que vêm, e não posso percebê-las por estar por demais ocupada em perceber se vêm ou não?
Respira um pouco. Toma um pouco de ar. Acende teu cigarro. Sem beijo, sem escarro.
Reflete tuas idéias.
Mas que idéias?
...
Um momento de paz, um sopro de silêncio.
Um corpo branco de olhos negros.
Uma vida, louca vida. Vida breve.
Antes da conta, me traz mais um clichê?
...
Seria em sentidos tão diversos que a própria diversidade seria o maior sentido. Mas no fim, nada seria.
Como nada.
Não como nada.
...
É.

por Ninguém além de sempre.

Nenhum comentário: